quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

• NOTÍCIA • Vacina criada por brasileiros é um sucesso contra doença de Chagas.


A doença de Chagas está perto de ter uma cura terapêutica. Pesquisadores brasileiros criaram uma vacina capaz de neutralizar o parasita causador da doença (Trypanosoma Cruzi). Os testes com camundongos obtiveram resultados favoráveis: o tratamento aumentou em 80% a taxa de sobrevivência e diminuiu a arritmia cardíaca dos animais.

Há 20 anos, cientistas vêm desenvolvendo a vacina com o financiamento de diversas universidades brasileiras, sob a supervisão do professor Maurício Rodrigues, da Unifesp. “Mais de 10 milhões de indivíduos na América Latina convivem com a Doença de Chagas já na fase crônica e o tratamento convencional muitas vezes não funciona. A vacinação terapêutica levaria à redução dos sintomas, queda da mortalidade e melhora da qualidade de vida dos doentes”, explica Rodrigues ao Planeta Universitário.

A vacina, testada em camundongos infectados com o parasita, foi capaz de reduzir em cinco vezes a carga parasitária. Foram divididos dois grupos de animais, o primeiro composto por indivíduos infectados imunizados e o segundo com animais infectados sem a vacina. Todos animais do segundo grupo morreram, enquanto apenas 20% do primeiro não sobreviveram.

A doença é transmitida por meio do barbeiro (Triatoma Brasilienses). Em casos crônicos pode causar insuficiência cardíaca por conta do alargamento dos ventrículos do coração, além da dilatação do esôfago e do cólon. Até hoje os tratamentos convencionais só conseguiram retardar os sintomas, mas não atingiram a cura total.

O mecanismo da vacina promove a indução de linfócitos que acompanham e neutralizam o parasita por toda sua vida. “Usamos vírus recombinantes com proteínas importantes para induzir a imunidade contra o parasita”, explica Rodrigues. “Uma vez injetados no organismo, os vírus não são capazes de se reproduzir, mas entram nas células e produzem as proteínas dentro delas”.

Apesar da doença estar quase extinta no Brasil - apresentando apenas casos isolados -, em países como Bolívia, Peru e Venezuela o mal é bastante recorrente. Apesar de ter apresentado bons resultados em camundongos, o teste ainda não foi feito com humanos.

Fonte: Revista Galileu